domingo, 12 de dezembro de 2010

SER OU NÃO SER, EIS A QUESTÃO...



No trecho abaixo retirado de uma obras primas de William Shakespeare, Hamlet, temos a nítida idéia do qual o personagem passa por profundos devaneios filosóficos, devido aos infindos problemas familiares e sociais. A razão mistura-se com a emoção, deixando-o constantemente atordoado.

“Hamlet: Ser ou não ser - eis a questão.
Será mais nobre sofrer na alma
Pedradas e flechadas do destino feroz
Ou pegar em armas contra o mar de angustias -
E, combatendo-o, dar-lhe fim? Morrer; dormir;
Só isso. E com sono - dizem - extinguir
Dores do coração e as mil mazelas naturais
A que a carne é sujeita; eis uma consumação
Ardentemente desejável. Morrer - dormir -
Dormir! Talvez sonhar. Aí está o obstáculo!
Os sonhos que hão de vir no sono da morte
Quando tivermos escapado ao tumulo vital
Nos obrigar a hesitar: e é essa reflexão
Que dá à aventura uma vida tão longa.
Pois quem suportaria o açoite e os insultos do mundo,
A afronta do opressor, o desdém do orgulhoso,
As pontadas do amor humilhado, as delongas da lei,
A prepotência do mando, e o achincalhe
Que o mérito paciente recebe dos inúteis,
Podendo, ele próprio, encontrar seu repouso
Com um simples punhal? Quem agüentaria fardo,
Gemendo e suando numa vida servil
Senão o porque o terror de alguma coisa após a morte -
O país não descoberto, de cujos confins
Jamais voltou nenhum viajante - nos confunde a vontade,
Nos faz preferir e suportar os males que já temos
A fugirmos pra outros que desconhecemos?
E assim a reflexão faz todos nós covardes.
E assim a reflexão faz todos nós covardes.
E assim o matiz natural decisão
Se transforma no doentio pálido do pensamento,
E empreitadas de vigor e coragem
Refletidas demais, saem de seu caminho,
Perdem o nome de ação. [...]”

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