domingo, 12 de dezembro de 2010

CULTURA!!!


Quando nos referimos à palavra cultura, muitos são os significados ou sentidos a ela atribuídos em situações e contextos diferenciados. Vejamos alguns exemplos:

- Formação escolar: Alguém é considerado culto ou inculto dependendo do grau de sua escolaridade;
- Manifestações artísticas: Possui cultura aquele que conhece boa música, teatro, cinema, artes plásticas, etc.;
- Produção agrícola: Quando alguém se dedica ao cultivo de determinado produto, como, por exemplo, a cana-de-açúcar, diz-se que essa pessoa se dedica à cultura da cana-de-açúcar;
- Manifestações populares: A alimentação e o vestuário de um povo, suas crenças, lendas e festas tradicionais formam a chamada cultura popular.
- Influência dos meios de comunicação de massa: Algumas pessoas referem-se à cultura da época em que vivemos como cultura de massa, imposta pela indústria cultural através do rádio, cinema e da televisão.

Nas palavras de Marilena Chauí, em “Convite à Filosofia”, entende-se por cultura como:

“ [...] o exercício da liberdade.A cultura é a criação coletiva de idéias, símbolos e valores pelos quais uma sociedade define para si mesma o bom e o mau, o belo e o feio, o justo e o injusto, o verdadeiro e o falso, o puro e o impuro, o possível e o impossível, o inevitável e o casual, o sagrado e o profano, o espaço e o tempo. A Cultura se realiza porque os humanos são capazes de linguagem, trabalho e relação com o tempo. A Cultura se manifesta como vida social, como criação das obras de pensamento e de arte, como vida religiosa e vida política.”

No livro “Temas de FILOSOFIA”, as autoras Maria Lúcia Aranha e Maria Helena Martins, nos indica que:

“[...] podemos dizer que tudo o que faz parte do mundo humano é cultura e que todos nós somos cultos, pois dominamos a cultura do nosso grupo, seja ele urbano ou rural, indígena ou de outra etnia, de uma ou outra crença religiosa ou qualquer outro tipo. Na verdade não há distinção entre as culturas, uma vez que, como já dissemos, cada uma responde às necessidades e aos desejos simbólicos do grupo.[..]”

Com isso, podemos então afirmar, filosoficamente, que o homem se faz mediado pela cultura uma vez que ela é o resultado de tudo quanto ele produz para construir a sua existência. A cultura, então, manifesta a forma como o homem se relaciona consigo mesmo, com os outros homens e com a natureza, através da forma como elabora as suas leis, constrói suas casas, estabelece costumes e sanções, alimenta-se, educa seus filhos, comporta-se religiosamente, elege representantes políticos, etc.

LEITURA COMPLEMENTAR I


Eu, etiqueta.
Em minha calça está grudado um nome que não é meu de batismo ou de cartório, um nome...estranho.
Meu blusão traz lembrete de bebida jamais pus na boca, nesta vida.
Em minha camiseta, a marca de cigarro que não fumo, até hoje não fumei.
Minhas meias falam de produto que nunca experimentei, mas são comunicados a meus pés.
Meu tênis é proclama colorido de alguma coisa não provada por este provador de longa idade.
Meu lenço, meu relógio,meu chaveiro, minha gravata e cinto e escova e pente, meu corpo, minha xícara, minha toalha de banho e sabonete, meu isso, meu aquilo, desde a cabeça ao bico dos sapatos, são mensagens, letras falantes, gritos visuais, ordens de uso, abuso, reincidência, costume, hábito, premência, indispensabilidade, e fazem de mim homem-anúncio itinerante, escravo da matéria anunciada.
Estou, estou na moda.
É doce estar na moda, ainda que a moda seja negar minha identidade, com outros seres diversos e conscientes de sua humana, invencível condição.
Agora sou anúncio, ora vulgar ora bizarro, em língua nacional ou em qualquer língua (qualquer, principalmente).
E nisto me comprazo, tiro glória de minha anulação.
Não sou - vê lá - anúncio contratado.
Eu é que mimosamente pago para anunciar, para vender em bares festas praias pérgulas piscinas, e bem à vista exibo esta etiqueta global no corpo que desiste de ser veste e sandália de uma essência tão viva, independente, que moda ou suborno algum compre.
Onde terei jogado fora meu gosto e capacidade de escolher, minhas idiossincrasias tão pessoais, tão minhas que no rosto se espelhavam, e cada gesto, cada olhar, cada vinco da roupa resumia uma estética?
Hoje sou costurado, sou tecido, sou gravado de forma universal, saio da estamparia, não de casa, da vitrine me tiram, recolocam, objeto pulsante mas objeto que se oferece como signo de outros trocá-la por mil, açambarcando todas as marcas registradas, todos os logotipos do mercado.
Com que inocência demito-me de ser eu que antes era e me sabia tão diverso de outros, tão mim mesmo, ser pensante, sentiste e solidário.
Por me ostentar assim, tão orgulhoso de ser eu, mas artigo industrial, peço que meu nome retifiquem. Já não me convém o título de homem, meu nome novo é coisa.
Eu sou a coisa, coisamente.

(ANDRADE, Carlos Drummond de. O corpo. Rio de Janeiro: Record, 1984/ p. 85-87).


 
Diante do texto proposto, como você entende por:
“eu que antes era e me sabia”
“demito-me de ser”
“Eu sou a coisa, coisamente”

CAZUZA - IDEOLOGIA (vídeo)

IDEOLOGIA...




Muito se fala sobre ideologia como sendo um conjunto de idéias que marca ou dá sustentação à vida dos homens. Não é incomum as pessoas questionarem: “Qual é a sua ideologia?”, “Qual é a ideologia daquele jornal ou revista?”, “Eu absorvi as idéias ideológicas de determinado canal televisivo ou elaborei o meu próprio conhecimento?”.

Em sentido amplo, ideologia significa um conjunto de valores, princípios e idéias que orientam uma forma de ação ou uma prática política. Segundo Karl Marx (1818-1883), “a função da ideologia é a de ocultar a verdadeira realidade, ou seja, condições reais de existência dos homens, mostrando, ilusoriamente, as idéias como motor da vida real.”Os homens, portando, são produtores de suas idéias. Entretanto, como a ideologia exerce uma função de ocultamento da realidade, ela mostra um mundo ideal, válido, o qual deve ser preservado por todos. Os problemas e as contradições são justificativas dentro de um sistema de valores vigentes e ainda como exceções da regra geral.


Assim, Marilena Chauí, aponta no seu livro “O que é ideologia?” da seguinte forma: “Um dos traços fundamentais da ideologia consiste, justamente, em tomar as idéias como independentes da realidade histórica e social, de modo a fazer com que tais idéias expliquem aquela realidade que torna compreensíveis as idéias elaboradas” (p.10-11). Neste sentido, o desenvolvimento da consciência crítica possibilita o acesso às verdadeiras condições de vida do homem, desenvolvendo-lhe autonomia e capacidade de criticar a sua própria concepção de mundo, elevando-a ao ponto mais alto do pensamento mais desenvolvido, criticando, inclusive, toda filosofia até hoje produzida.

O QUE É VERDADE?


Ao longo da História, à medida que o homem supre as suas necessidades, ele produz o conhecimento, pois nas suas atividades práticas ele busca respostas para as suas inquietações. O homem comum, no seu cotidiano, tem acesso a um grande universo de informações científicas, filosóficas e políticas, pelos jornais, escola, Internet, museus, livros, etc. Muitos acreditam que estas informações são verdadeiras, pois confiam na palavra dos transmissores. Sendo assim, não comparam todas as informações recebidas e não compreendem que a informação deve ser contextualizada.

Na busca da verdade, os pesquisadores de diferentes áreas do conhecimento tem apontado variadas formas de enfrentamento e compreensão da realidade, bem como outras formas de interpretação sobre a verdade através de tendências filosóficas diversas, como, por exemplo, o dogmatismo e o ceticismo:

O dogmatismo é a atitude de admitir a possibilidade de verdades absolutamente certas e seguras; não aceita as novidades, pois o novo desequilibra o que está estabelecido, o que é sabido. Na vida cotidiana, também chamamos de dogmatismo a atitude de fazer afirmações sem provas ou evidências. Sócrates ( séc. V a.C.) passava horas discutindo nos locais públicos de Atenas, interpelando as pessoas na tentativa de superar o saber baseado em idéias preconcebidas, pois para ele nenhum conhecimento poderia ser dogmático, por conta disso foi condenado à morte.

Já o ceticismo consiste na atitude filosófica de duvidar da possibilidade da certeza objetiva do conhecimento. Como põe em dúvida as certezas e evidências, o filósofo suspende o juízo para evitar afirmações de caráter dogmático. Na vida cotidiana, também chamamos de ceticismo a atitude de quem não acredita em nada.

Talvez você se pergunte: mas o que é verdade então? Ora, não existe verdade eterna e absoluta; isso tornaria incompreensível o esforço do pensamento que é constante movimento. Não existe também um consenso sobre as possibilidades de chegar à verdade e muito menos sobre que ela seja, pois a verdade consiste em analisar e buscar significados, uma vez que não existe conhecimento absoluto, mas construído processualmente nas relações concretas dos homens.

Filme: MATRIX

Erro técnico...

Maurício de Souza e o Mito da Caverna



APRENDA OUVINDO!



Algumas bandas se inspiraram no mito da caverna de Platão e elaboraram as suas letras, tais como:
 
ENGENHEIROS DO HAWAII - LUZ
Onde estão teus olhos
Agora que tô bem na foto
Agora que achei o foco
Onde estão teus olhos
Sem eles não existo
Fico cego invisível
Queimo o filme rasgo a foto
Onde estão teus olhos
Agora que domei a fera
Agora que a dor já era
Onde estão teus olhos
Sem eles não existo
Fico cego invisível
Só enxergo o silêncio
Juntos para sempre
Objeto e observador
Física moderna
Velhas canções de amor
Onde estão teus olhos
Onde estão teus olhos
Longe deles nada existe
Onde estão teus olhos
Onde estão teus olhos
Longe deles nada existe


ELEGIA - ESCRAVOS

Vejo no escravo da gravura em seus pulsos as algemas
Subitamente vejo-me refletido, almas-gemeas
Em meus pulsos o relógio dita as ordens, somos escravos
Na caverna escura, vivendo em correntes
Na caverna escura atado as regras desse jogo de sombras, pouco sabemos
Aquele que vislumbrar a luz, será posto a ferros
Trancado na cela soltitária, numa camisa de força, se do que vir disser
E o que descreverá ninguém entenderá deverá ser calado
A gota a diluir-se no mar, a gota a diluir-se no mar
E para sempre assim será
Para sempre, será?
Somos escravos nesse labirinto sem paredes
Somos peixes presos na própria rede
Que tecemos dia a dia, noites a fio
Pois é seguro sem medo sem frio a frente da TV, anestesiando mentes
Drenando-as via satélite, em rede
Presos na própria rede, presos na própria rede
(A gota a diluir-se no mar, para sempre assim será)

ALEGORIA DA CAVERNA

Em uma das passagens mais conhecidas de toda a história da Filosofia, Platão cria uma alegoria para nos contar como Sócrates via o sistema social. Abaixo segue um trecho dessa incrível história no livro “A República”, de Platão. É interessante frisar que “república” é um diálogo entre Sócrates e seus amigos, que apresentam o método dialético de investigação filosófica.

“Suponhamos uns homens numa habitação subterrânea em forma de caverna, com uma estrada aberta para a luz, que se estende a todo comprimento dessa gruta. Estão lá dentro desde a infância, algemados de pernas e pescoços, de tal maneira que só lhes é dado permanecer no mesmo lugar e olhar em frente; são incapazes de voltar a cabeça por causa dos grilhões; serve-lhes de iluminação um fogo que se queima ao longe; numa eminência, por detrás deles; entre a fogueira e os prisioneiros há um caminho ascendente, ao longo do qual se construiu um pequeno muro, no gênero dos tapumes que os homens dos “robertos” colocam diante do público, para mostrarem as suas habilidades por cima deles. [...] estranhos prisioneiros são esses [...] semelhantes a nós [...] pessoas nessas condições não pensaram que a realidade fosse senão a sombra dos objetos.”

Sócrates conta que os homens estão acorrentados no fundo de uma caverna escura. Por trás deles, um fogo ardente, irradiando uma luz que se projeta no interior da caverna. Nas paredes, podem ser vistas formas humanas se movendo. Os homens que estão no interior da caverna pensam que o que vêem é a realidade, mas vêem apenas sua própria sombra. Pensam assim porque não conhecem o outro mundo. Com essa alegoria, Platão compara a caverna com o mundo onde vivemos, que é o mundo das aparências. A luz da verdade ( as Idéias e as Formas) projeta sombras (coisas sensíveis que tomamos por verdadeiras). Estamos presos. No entanto,o filósofo é capaz de escalar o muro para contemplar a luz plena. Essa luz é o Ser, o Bem; é essa luz que ilumina o mundo inteligível (que se pode conhecer).

A origem do mundo: parte 3

3. Encontrando as recompensas ou castigos que os deuses dão a quem os desobedece ou a quem os obedece. Como o mito narra, por exemplo, o uso do fogo pelos homens? Para os homens, o fogo é essencial, pois com ele se diferenciam dos animais, porque tanto passam a cozinhar os alimentos, a iluminar caminhos na noite, a se aquecer no inverno quanto podem fabricar instrumentos de metal para o trabalho e para a guerra.

Um titã, Prometeu, mais amigo dos homens do que dos deuses, roubou uma centelha de fogo e a trouxe de presente para os humanos. Prometeu foi castigado (amarrado num rochedo para que as aves de rapina, eternamente, devorassem seu fígado) e os homens também. Qual foi o castigo dos homens? Os deuses fizeram uma mulher encantadora, Pandora, a quem foi entregue uma caixa que conteria coisas maravilhosas, mas nunca deveria ser aberta. Pandora foi enviada aos humanos e, cheia de curiosidade e querendo dar a eles as maravilhas, abriu a caixa. Dela saíram todas as desgraças, doenças, pestes, guerras e, sobretudo, a morte. Explica-se, assim, a origem dos males no mundo.

A origem do mundo: parte 2

2. Encontrando uma rivalidade ou uma aliança entre os deuses que faz surgir alguma coisa no mundo. Nesse caso, o mito narra ou uma guerra entre as forças divinas, ou uma aliança entre elas para provocar alguma coisa no mundo dos homens.

O poeta Homero, na Ilíada, que narra a guerra de Tróia, explica por que, em certas batalhas, os troianos eram vitoriosos e, em outras, a vitória cabia aos gregos. Os deuses estavam divididos, alguns a favor de um lado e outros a favor do outro. A cada vez, o rei dos deuses, Zeus, ficava com um dos partidos, aliava-se com um grupo e fazia um dos lados - ou os troianos ou os gregos - vencer uma batalha.

A causa da guerra, aliás, foi uma rivalidade entre as deusas. Elas apareceram em sonho para o príncipe troiano Paris, oferecendo a ele seus dons e ele escolheu a deusa do amor, Afrodite. As outras deusas, enciumadas, o fizeram raptar a grega Helena, mulher do general grego Menelau, e isso deu início à guerra entre os humanos.

A origem do mundo: parte 1


Como o mito narra a origem do mundo e de tudo o que nele existe? De três maneiras principais:


1. A narração da origem é, assim, uma genealogia, isto é, narrativa da geração dos seres, das coisas, das qualidades, por outros seres, que são seus pais ou antepassados. Tomemos um exemplo da narrativa mítica. Observando que as pessoas apaixonadas estão sempre cheias de ansiedade e de plenitude, inventam mil expedientes para estar com a pessoa amada ou para seduzi-la e também serem amadas, o mito narra a origem do amor, isto é, o nascimento do deus Eros (que conhecemos mais com o nome de Cupido):

Houve uma grande festa entre os deuses. Todos foram convidados, menos a deusa Penúria, sempre miserável e faminta. Quando a festa acabou, Penúria veio, comeu os restos e dormiu com o deus Poros (o astuto engenhoso). Dessa relação sexual, nasceu Eros (ou Cupido), que, como sua mãe, está sempre faminto, sedento e miserável, mas, como seu pai, tem mil astúcias para se satisfazer e se fazer amado. Por isso, quando Eros fere alguém com sua flecha, esse alguém se apaixona e logo se sente faminto e sedento de amor, inventa astúcias para ser amado e satisfeito, ficando ora maltrapilho e semimorto, ora rico e cheio de vida.

Encontrando o pai e a mãe das coisas e dos seres, isto é,
tudo o que existe decorre de relações sexuais entre forças divinas pessoais. Essas relações geram os demais deuses: os titãs (seres semi-humanos e semidivinos), os heróis (filhos de um deus com uma humana ou de uma deusa com um humano), os humanos, os metais, as plantas, os animais, as qualidades, como quente-frio, seco-úmido, claro-escuro, bom-mau, justo-injusto, belo-feio, certo-errado, etc.

MITOLOGIA x FILOSOFIA

Há muitos anos atrás o homem buscava respostas através dos mitos, narrativas sobre a origem de algo ou alguma coisa, de forma incontestável e inquestionável. Para os gregos, os mitos eram a fonte mais importante do conhecimento e ditadora de regras, sendo baseadas em diversas autoridades - que, de certo modo,presenciaram ativamente da história - impondo então o poder supremo da figura dos “deuses” (sendo eles à imagem e semelhança dos homens), senhores da razão e de poderes divinos para uma constituição mais realista dos mitos.

Diferente desse método, a filosofia busca entender e explicar abertamente sobre como tudo verdadeiramente, ou melhor, racionalmente, surgiu. Apresenta o estudo científico da Natureza e do psicológico humano, seja de forma individual ou social. A filosofia não considera nenhum fato que não haja provas concretas,por assim dizer, uma definição coerente e racional.

Então, dizemos que as pessoas sempre sentiram a necessidade de explicar àquilo que os rodeia, desde a sua origem até a sua utilidade (ou não). Visto que não conseguimos ficar diante de algo sem obter uma devida explicação, e é neste sentido que surgiu os mitos, já que naquela época não existia a ciência. A partir daí, a filosofia surge como um estudo baseado na razão da natureza para explicá-la.

 
Achamos conveniente manter a estrutura de um trecho retirado do livro “Convite à Filosofia”, de Marilena Chauí, pois acreditamos que para aqueles que não tenham acesso ao livro adote-o como dicionário filosófico, dentre outros da mesma autora. Daremos continuidade aos conteúdos sempre citando-o. Esperamos que apreciem, assim como nós! :D

OBS: Para uma abordagem mais harmônica,o trecho será dividido em três partes:

UM BREVE CONTEXTO


HISTÓRICO DA ORIGEM DA FILOSOFIA
 
Seguindo os ensinamentos da filosofia, para compreender o mundo necessitamos usar a razão e o conhecimento científico. Mas, quando surgiu os primeiros ensinamentos filosóficos na Grécia? O que levou, de fato, a dar início a esse estudo? Para facilitar a continuidade do nosso estudo temos algumas das essenciais passagens históricas para a fundação da filosofia, surgida no final do século VII e no início do século VI a.C., na Grécia:

>>> Viagens marítimas: a partir da determinação de alguns viajantes, notaram que não haviam monstros marítimos ou qualquer interferência dos deuses, apenas forças da natureza que poderiam ser explicados. Chega ao fim o processo de crença nos mitos como única fonte da verdade.

>>> Invenção do calendário, da moeda e da escrita alfabética: essa nova etapa da história aponta que quanto a ciência ou a capacidade humana pode levar à evolução natural e social do homem.

>>> O surgimento da vida urbana: apropriando-se do comércio e artesanato, o sistema de trocas e o início da democracia social ( interferência do processo de aristocracia) cederam espaço para os novos sujeitos à senhores de riquezas: os comerciantes. Dava-se espaço, então, para a apropriação e estímulo aos setores artísticos, ambiente na qual surge a filosofia.

>>> Invenção da política: aparece-nos então, a polis, isto é, cidade política, momento de exposição dos idéias de cada um em prol da maioria. Surge como um novo caminho para os ideais da coletividade humana, onde a própria política estimaria os pensamentos e discursos para o bem de todos. A abertura do espaço para a população traria idéia para serem discutidas, ensinados e transmitidos à todos.

SER OU NÃO SER, EIS A QUESTÃO...



No trecho abaixo retirado de uma obras primas de William Shakespeare, Hamlet, temos a nítida idéia do qual o personagem passa por profundos devaneios filosóficos, devido aos infindos problemas familiares e sociais. A razão mistura-se com a emoção, deixando-o constantemente atordoado.

“Hamlet: Ser ou não ser - eis a questão.
Será mais nobre sofrer na alma
Pedradas e flechadas do destino feroz
Ou pegar em armas contra o mar de angustias -
E, combatendo-o, dar-lhe fim? Morrer; dormir;
Só isso. E com sono - dizem - extinguir
Dores do coração e as mil mazelas naturais
A que a carne é sujeita; eis uma consumação
Ardentemente desejável. Morrer - dormir -
Dormir! Talvez sonhar. Aí está o obstáculo!
Os sonhos que hão de vir no sono da morte
Quando tivermos escapado ao tumulo vital
Nos obrigar a hesitar: e é essa reflexão
Que dá à aventura uma vida tão longa.
Pois quem suportaria o açoite e os insultos do mundo,
A afronta do opressor, o desdém do orgulhoso,
As pontadas do amor humilhado, as delongas da lei,
A prepotência do mando, e o achincalhe
Que o mérito paciente recebe dos inúteis,
Podendo, ele próprio, encontrar seu repouso
Com um simples punhal? Quem agüentaria fardo,
Gemendo e suando numa vida servil
Senão o porque o terror de alguma coisa após a morte -
O país não descoberto, de cujos confins
Jamais voltou nenhum viajante - nos confunde a vontade,
Nos faz preferir e suportar os males que já temos
A fugirmos pra outros que desconhecemos?
E assim a reflexão faz todos nós covardes.
E assim a reflexão faz todos nós covardes.
E assim o matiz natural decisão
Se transforma no doentio pálido do pensamento,
E empreitadas de vigor e coragem
Refletidas demais, saem de seu caminho,
Perdem o nome de ação. [...]”

RAZÃO

O pensamento humano não influencia apenas a sociedade como também a se mesmo. Dedicar-se ao estudo filosófico é o primeiro caminho a ser tomado para interagir e, até mesmo, alterar o real tornando-se melhor para todos. Dentro do campo filosófico, a razão é considerada como princípio-base para pesquisar, desvendar e compreender tudo o que há a sua volta entrando em confronto com as emoções (sentimentos) e ilusões (mitos e preconceitos, sendo eles religiosos ou não). No livro, "Convite à Filosofia", Marilena Chauí reforça essa idéia da seguinte forma:

" [...] razão é a capacidade intelectual para pensar e exprimir-se correta e claramente, para pensar e dizer as coisas tais como são. A razão é uma maneira de organizar a realidade pela qual esta se torna compreensível. É, também, a confiança de que podemos ordenar e organizar as coisas porque são organizáveis, ordenáveis, compreensíveis nelas mesmas, isto é, as próprias coisas são racionais."

Sendo assim, temos a razão - atrelada com a intuição - como principal ferramenta para o estudo e deslumbramento da realidade. Para muitos filósofos a razão não é apenas a capacidade moral e intelectual dos seres humanos, mas também uma propriedade ou qualidade primordial das próprias coisas, existindo na própria realidade. Seguindo o preceito de que necessitamos raciocinar constantemente, a razão surge como auxiliadora para nos ajudar a estruturar os nossos pensamentos organizando, então, o nosso caminho para o saber.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

De olho vivo para o mundo!


Nossa vida está cheia de evidências que nunca questionamos, pois é mais fácil acreditar naquilo que já nos vem pronto,  ou melhor, nas idéias empacotadas. Diante disso devemos agir com atitude filosófica, começarmos a exercitar o ato de não aceitar como óbvia as ações, sentimentos, desejos, atitudes, pensamentos, valores, comportamentos como sendo naturais na vida cotidiana. Não devemos aceitá-las sem antes havermos compreendido e investigado cada coisa a sua maneira.

São os nossos pensamentos que movem tudo o que nos rodeia. A partir dos mesmos podemos desenvolver questões que dizem respeito ao nosso estilo e modelo de vida, procurando explicar e compreender mesmo o que parece ser irracional e inquestionável, passando então a sermos conhecidos como seres pensantes. Sendo assim, a filosofia serve como uma grande contribuidora na busca de um conhecimento mais amplo sobre o campo social e universal de como as coisas ao nosso redor surgem, agem e nos atinge e que reação temos a elas.

Em suma, devemos utilizar os estudos filosóficos para desmistificar as informações que adquirimos ao longo da vida como preceitos únicos da verdade, é dizer não ao senso comum. É através da filosofia que poderemos então compreender melhor quem somos e por que vivemos, como também que caminhos(escolhas) deveremos escolher para “viver bem”.

O que é FILOSOFIA, propriamente dita?


Filosofia é o estudo do universo da sociedade, seguindo os princípios da razão; é perguntar e se preocupar com o valor existencial de cada coisa: de onde vem, para onde vai, qual é sua significação; é indagar quais são as relações e as estruturas que constituem as coisas e de que maneira elas se dão. No livro Convite à Filosofia, Marilena Chauí nos dá a seguinte idéia de ampliação da filosofia dentro de outras áreas:

“A Filosofia não é ciência: é uma reflexão crítica sobre os procedimentos e conceitos científicos. Não é religião: é uma reflexão crítica sobre as origens e formas das crenças religiosas. Não é arte: é uma interpretação crítica dos conteúdos, das formas, das significações das obras de arte e do trabalho artístico. Não é sociologia nem psicologia, mas a interpretação e avaliação crítica dos conceitos e métodos da sociologia e da psicologia. Não é política, mas interpretação, compreensão e reflexão sobre a origem, a natureza e as formas do poder. Não é história, mas interpretação do sentido dos acontecimentos enquanto inseridos no tempo e compreensão do que seja o próprio tempo. Filosofia é o mais útil de todos os saberes de que os seres humanos são capazes” (p. 17).

Então, entende-se por filosofia como a análise do ser humano e suas influências: a questão da vida e da integração de um indivíduo a outro pela teoria e prática. Filosofia não é um “achismo”, muito pelo contrário, se preocupa com a lógica de tudo que acontece. As coisas acontecem porque tem que acontecer, porque tem um motivo lógico e plausível para acontecer.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

APRESENTAÇÃO - PHILIA AOS SOPHOS


Equipe: Adriane Rafaelle da Silva, Amanda Santos, Ana Carla Nunes, Ana Marina Caldeira, Cátia Regina Lopes, Gisele Ferreira e Maria Aucilania Soares.

Este blog tem por finalidade abrir espaço para a filosofia e seus aspectos buscando atrair os internautas à seu próprio aprofundamento de conhecimento e disposição à leitura, abrindo espaços para discursões e questionamentos.


O título do blog foi criado baseado na palavra filosofia, de origem grega, onde ela é composta por duas outras: philo (deriva-se da palavra philia; que significa amizade, amor fraterno) e sophia (deriva-se da palavra sophos; que significa sábio, sabedoria). Desse modo temos: Philia aos Sophos, amor fraterno aos sábios.

Sendo assim, podemos dizer que compartilhamos o prazer de admirar os filósofos e a compreender a essência da vida, levando-se em conta os seus principais propósitos e a necessidade da busca pelo conhecimento.